terça-feira, 23 de junho de 2015

'A vida vale dois salários', diz irmã sobre fiança por morte no trânsito

Motorista que provocou acidente pagou fiança de R$ 1,5 mil e foi solto.
Motociclista foi atingida por carro e suspeitos foram agredidos por moradores.

Denise SoaresDo G1 MT
Janaína Almeida Rodrigues morreu no acidente. (Foto: Reprodução/TVCA)Janaína Almeida Rodrigues morreu no acidente.
(Foto: Reprodução/TVCA)
A família da frentista Janaína Almeida Rodrigues, de 26 anos, que morreu após ser atingida por um carro neste domingo (21), em Cuiabá, questiona a postura e atitude dos dois jovens envolvidos no acidente. Janaína estava indo para o trabalho quando a moto bateu de frente com o veículo de passeio, na Avenida General Mello.
“Causa dor e indignação saber que a vida da minha irmã custa dois salários mínimos [valor da fiança paga pelo motorista]. Como uma pessoa que não segue as leis de trânsito, que está alcoolizada e em alta velocidade, não tem a intenção de matar? Quando você assume o volante alcoolizado você tem sim a intenção de matar”, disse a irmã de Janaína, Cristiane Almeida.
Segundo a Polícia Civil, o universitário Kennedy Max Velho, 33 anos, dirigia o veículo. O amigo dele, o gerente de empresa Alysson Guedes Zoli Delazari, 26, também estava no carro. Moradores chegaram a agredir os dois jovens após o acidente. Alysson levou um soco no rosto enquanto era entrevistado por uma equipe da TV Centro América.
Testemunhas relataram que o carro estava em alta velocidade e que os dois estavam embriagados. Além disso, as pessoas que viram o acidente disseram que o motorista e o passageiro trocaram de lugar logo após o acidente.
Rapaz que se passou por motorista após acidente levou um soco durante entrevista em Cuiabá. (Foto: Reprodução/TVCA)Rapaz que se passou por motorista após acidente levou um soco durante entrevista em Cuiabá. (Foto: Reprodução/TVCA)
“Minha irmã não foi vítima do trânsito, mas sim de um assassino. Ela deixou um filho de três anos, que não sabemos se daqui a 10 anos ele irá se lembrar da mãe, porque é muito pequeno. Nós não temos como saber o futuro, mas podemos saber da dor e da destruição que ele [motorista] causou na minha família”, declarou Cristiane.
O G1 entrou em contato com Alysson e Kennedy, no entanto, as ligações foram atendidas por um primo de Alysson. “Eu estava na mesma festa que eles, mas fui para casa mais cedo. O Kennedy estava alcoolizado sim, mas não estamos correndo da responsabilidade. Eles [Kennedy e Alysson] estão transtornados”, declarou o homem que pediu para não ter o nome divulgado.
O primo afirma que quem estava dirigindo era Alysson e não Kennedy. O parente também disse que os pais dos envolvidos pagaram todos as despesas do velório de Janaína. “As pessoas se confundiram quando viram o Kennedy saindo do carro. O Alysson é quem dirigia. Ele ia deixar o Kennedy em casa”, afirmou. O primo afirmou que os dois amigos se isolaram após o acidente e que estão mantendo contato apenas com a família.
Teste de alcoolemia no motorista apontou índice de 0,30mg/L e contraprova indicou 0,31mg/L. (Foto: Reprodução/TVCA)Teste de alcoolemia no motorista apontou índice de 0,30mg/L e contraprova indicou 0,31mg/L. (Foto: Reprodução/TVCA)
Kennedy e Alysson foram submetidos ao teste de alcoolemia que apontaram índices de 0,30mg/L, no condutor, e de 0,11 mg/L, no passageiro. De acordo com a polícia, Kennedy deverá responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Ele foi liberado da delegacia após pagamento de fiança no valor de R$ 1,5 mil. Já Alysson, conforme a polícia, estava como passageiro e teria trocado de lugar no veículo se passando por motorista, assinou apenas um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) de 'autoacusação', documento usado em crime considerado de menor potencial ofensivo.

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