segunda-feira, 22 de junho de 2015

Amante de professora confessa assassinato de executivo

Homem diz ter arquitetado crime junto com a mulher da vítima. Veja trechos inéditos de depoimento.

Domingo passado (14), o Fantástico deixou de exibir uma reportagem sobre o assassinato do executivo Luiz Eduardo de Almeida Barreto, em São Paulo, em cumprimento a uma decisão da juíza Maria Domitila Prado Manssur Domingos.
A juíza proibiu a TV Globo de mostrar as declarações que Marcos Fábio Zeitunsian deu à polícia. Marcos Fábio é amante da mulher da vítima e os dois confessaram o crime.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, a Abert, considerou essa decisão uma censura prévia, que afronta a liberdade de expressão, prevista na constituição brasileira, e prejudica a população, que deixa de ser informada.
A TV Globo recorreu e o desembargador Luís Mário Galbetti, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, suspendeu os efeitos da decisão anterior.
O desembargador considerou que a declaração de Marcos Fábio à polícia é de notório interesse público, e que o direito à informação deve prevalecer. No vídeo acima, você confere a reportagem que o Fantástico não pôde mostrar no domingo passado (14).
Marcos Fábio Zeitunsian, inspetor de segurança. Apelido: alemão. Ele é o amante da professora de português Eliana Barreto. Os dois têm 46 anos.
Delegado: Como você a conheceu?
Marcos Fábio: Ela tava no carro do lado. Eu olhei. Ela olhou, deu um sorriso e daí pedi para ela encostar um pouquinho mais à frente. Encostou e começamos a conversar. A gente se conheceu ali.
Esse primeiro encontro aconteceu 13 anos atrás, na Zona Norte da capital paulista. Nessa época, Eliana morava em São Paulo e já era casada com Luiz Eduardo de Almeida Barreto.
“A gente teve um relacionamentozinho curto naquela ocasião. E aí ela foi para o interior. Aparecida. E aí, a gente perdeu o contato”, conta Marcos Fábio.
Em Aparecida, Eliana e o marido criaram o filho e a filha, que hoje tem 17 e 14 anos. Atualmente, ela dava aula em duas escolas. Luiz Eduardo, 49 anos, ficava com a família aos sábados e domingos. Durante a semana, ele trabalhava na capital.
“Era um diretor comercial de uma empresa de informática muito conceituada, que desenvolve aplicativos para várias empresas. Ganhava muito bem e estava muito bem de vida”, diz Anderson Gianpaoli, delegado.
A professora Eliana morava em uma casa de classe média com o marido e o casal de filhos adolescentes. Segundo os parentes, ela era muito bem tratada pelo marido Luiz Eduardo. Recentemente, ganhou de presente um carro importado no valor de R$ 120 mil e fazia viagens de férias para os Estados Unidos com a família.
“O que ela gostava realmente era de ter uma vida de madame, ou seja, não trabalhar”, diz Jorge Carrasco, delegado.
A reviravolta na vida da professora começou há dois anos, quando ela reencontrou o antigo amante em uma rede social.
Delegado: Você ia lá para Aparecida? Ela vinha para cá?
Marcos Fábio: Eu ia pra lá.
O amante conta que Eliana queria se separar do marido, mas...
“Todo mundo falava para ela: "olha, conheço muito bem ele. Se separar, ele vai te fazer da vida um inferno”, conta Marcos Fábio.
Segundo Marcos Fábio, ele e a professora encontraram uma solução há um ano: matar o marido de Eliana.
Delgado: A ideia foi sua ou foi dela?
Marcos Fábio: A ideia foi em conjunto. Diz que ele era muito violento, tanto com ela quanto com as crianças.
“É uma mentira que ela está tentando se desculpar, mas não tem o que desculpar. Ela fez uma barbaridade”, diz Celso de Almeida, tio de Luiz Eduardo.
Para executar o plano, Marcos Fábio diz que primeiro falou com um homem chamado Eduardo, que se comprometeu a encontrar um pistoleiro. A polícia ainda não identificou esse Eduardo.
“Eu tinha passado para o Eduardo que a vítima tava batendo na mulher, batendo nas crianças. E ele chegou e falou: "meu, se eu falar isso aí, ninguém vai querer", conta Marcos Fábio.
Para cometer o crime, o pistoleiro teria que ter um motivo mais forte. Alegar que a vítima agredia a própria família seria pouco. A saída foi inventar uma história para o assassino.
Eliezer Aragão da Silva, conhecido como Carioca estava em liberdade condicional: tinha saído da cadeia no mês passado, depois de cumprir 17 anos por latrocínio, o roubo seguido de morte. Marcos Fábio mentiu para o pistoleiro, dizendo que tinha uma filha de sete anos e que ela tinha sido abusada por Luiz Eduardo, que seria um pedófilo.
Marcos Fábio: Esse próprio Eduardo, ele falou: 'fala que ele é pedófilo'. Então, ele criou uma história, passou pro Carioca. Pro Carioca...
Delegado: Comprar a ideia?
Marcos Fábio: Comprar a ideia.
Delgado: Quanto foi pago?
Marcos Fábio: Foi R$ 5 mil.
Segunda-feira, dia primeiro deste mês. Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini: uma área nobre de São Paulo, com muitos escritórios e bancos. Luiz Eduardo trabalhava na região. No celular do pistoleiro Eliezer, fotos do diretor comercial, para não ter engano. Segundo Marcos Fábio, foi a professora quem pagou para matar o marido, com quem foi casada por 24 anos. E ela teria feito mais.
Delegado: Como você fez o levantamento do local onde o Luiz trabalhava?
Marcos Fábio: Ela que me passou todas as informações.
Delegado: E as fotos que foram mandadas do Luiz para o celular do Eliezer? Foi você que mandou?
Marcos Fábio: Sim.
Delegado: E quem te deu essas fotos?
Marcos Fábio: Ela.
Marco Fábio e o pistoleiro se encontraram pouco antes do crime, por volta das 15h30.
Marcos Fábio: Ele disse que tava meio atrapalhado, não sabia exatamente onde era.
Delegado: E você chegou a ver o Luiz?
Marcos Fábio: Sim.
Delegado: Aí, você apontou quem era o Luiz?
Marcos Fábio: Só falei para ele: "nossa, ele tá vindo ali."
Delegado: Tá. E aí, você foi embora?
Marcos Fábio: Fui embora.
A câmera de segurança de uma padaria gravou o assassinato. Luiz Eduardo estava com um amigo. Eliezer simulou um roubo e atirou três vezes no marido da professora. Ao ser preso, logo depois do crime, ele ainda pensava que a vítima fosse um pedófilo.
Fantástico: Depois que o Eliezer, o assassino, descobriu a verdade, qual foi a reação dele?
Jorge Carrasco, delegado: Ele ficou bem contrariado, bem nervoso a respeito.
Eliezer contou à polícia que Marcos Fábio era o mandante, e dois dias depois do assassinato, ele também foi preso.
Foi quando o inspetor de segurança prestou depoimento, abrindo o jogo para o delegado.
Delegado: Está arrependido?
Marcos Fábio: Demais.
Delegado: O que te motivou então a cometer essa atrocidade?
Marcos Fábio: É o fato de querer estar com ela.
Delegado: Você a ama?
Marcos Fábio: A amo.
Delegado: A intenção não era o dinheiro?
Marcos Fábio: Nunca foi.
Delegado: A intenção era ficarem juntos?
Marcos Fábio: Ficarmos juntos.
Para a polícia, o real motivo do crime foi o seguro de vida do diretor comercial, de R$ 500 mil. O dinheiro serviria para abrir uma sorveteria em um shopping para o amante da professora. Quando chegou à delegacia, primeiro Eliana disse que Marcos Fábio era apenas um amigo. O delegado pressiona.
Delegado: E o fato dele falar que você deu 5 pau e depositou na conta dele para ele contratar um cara para matar o seu marido? Caiu a casa. Marcos, verdade ou não?
Mas o que fez a professora confessar o crime foi descobrir que o amante tinha outras mulheres.
“Ela não tinha a ideia de que o Marcos era um galanteador, que tinha uma noiva, que tinha algumas namoradas. Foi quando ela riu e disse: ‘olha no que eu fui me meter. E eu que imaginava que ele era fiel a mim’, conta Anderson Gianpaoli, delegado.
Em depoimento, ela ainda disse que o assassinato do marido seria uma forma de evitar o sofrimento dele com a separação. O Fantástico pediu para que Eliana desse uma entrevista, mas ela se recusou. A professora e o amante estão presos e podem ser condenados a 30 anos de cadeia.
“Acabou com todo mundo. Toda família. Inclusive a própria família dela, que está hoje sofrendo. Todo mundo passando por essa coisa muito triste, muito dolorosa”, conta Celso de Almeida, tio de Luiz Eduardo.

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