segunda-feira, 22 de junho de 2015

Campinas registra maior incidência de dengue entre cidades mais populosas

Ministério da Saúde diz que proporção até maio foi de 3,9 mil em 100 mil.
Prefeitura defende ações, cita contexto nacional e as condições climáticas.

Fernando PacíficoDo G1 Campinas e Região
Em meio à epidemia recorde de dengue, Campinas (SP) tem a maior incidência de casos da doença entre as cidades brasileiras com população igual ou superior a 1 milhão, segundo estatísticas do Ministério da Saúde. De janeiro a maio, o município acumulou 3,9 mil registros em cada grupo de 100 mil, a maior proporção no comparativo com outras 16 metrópoles.
O órgão do Executivo Federal diz que Campinas teve 45.192 registros da enfermidade no período, incluindo confirmados e suspeitos. O Centro de Vigilância Epidemiológica em São Paulo, entretanto, reduz o número para 44.528 ao considerar somente os casos atestados.
Pacientes são atendidos em Centro de Saúde no Jardim Aurélia, em Campinas (Foto: Carlos Bassan / Prefeitura de Campinas)Pacientes durante atendimento em centro de
saúde de Campinas  (Foto: Carlos Bassan / PMC)
Comparativo
Considerando-se as cinco primeiras cidades no "ranking" do Ministério da Saúde, a incidência de casos em Campinas é praticamente o dobro da verificada em Guarulhos, na Grande São Paulo, onde foram 1,8 mil casos em cada grupo com 100 mil. Além disso, a conta no município do interior paulista também supera números verificados para Goiânia (GO), 646,5; Recife (PE), 633,9; e Belo Horizonte (MG), 590,8.
Em relação ao número de óbitos, Campinas teve sete vítimas e fica atrás de Goiânia, que registrou dez neste período. As capitais de Minas Gerais e Pernambuco tiveram uma vítima cada, enquanto que Guarulhos não contabilizou óbitos até 30 de maio, segundo o governo.
"A gravidade de uma epidemia pode ser avaliada por sua incidência e ocorrência no número de mortes da doença", diz texto do órgão federal. O Ministério da Saúde ressaltou ainda que, apesar de ter a maior incidência entre as cidades com mais de 1 milhão de habitantes, o índice registrado em Campinas não é o maior entre todas as cidades do país.
O número de mortes em Campinas provocadas por complicações da dengue caiu em relação ao ano passado, quando foram dez. A administração associa o resultado à qualidade dos serviços na rede pública, que recebeu até maio 81% da demanda de pacientes. Além disso, planeja intensificar treinamentos nas unidades para atender pacientes idosos infectados.
Inquérito
O Ministério Público em Campinas usará análises do governo paulista e Ministério da Saúde para avaliar se os trabalhos antidengue na cidade foram insuficientes nas duas maiores epidemias na história, registradas neste ano e 2014. O despacho integra o inquérito aberto pela promotora Crisitiane Hillal, onde ela recomenda rigor no combate à doença e faz alerta ao prefeito Jonas Donizette (PSB) em caso de "omissão" na execução de ações preventivas.
População > 1 milhão de habitantes /  janeiro a 30 de maio de 2015
Municípioincidência jan - fevincidência
mar - abr
incidência
em maio
nº de casos
acumulados
incidência acumuladaPopulaçãoMortes
Campinas730,83.075,8107,445.1923.914,01,1 milhão7
Goiânia1.070,8777,914,426.3151.863,21,4 milhão10
Guarulhos112,1510,823,68.484646,51,3 milhão0
Recife205,0415,213,810.197633,91,6 milhão1
BH16,7351,9222,214.718590,82,4 milhões1
Fontes: Ministério da Saúde e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Medidas antidengue
Para tentar suportar a demanda, a Prefeitura montou alas especiais em unidades de saúde para atender pacientes com suspeita de dengue e também tornou a prevenção à doença um assunto de responsabilidade de várias secretarias, entre elas, educação e serviços públicos.

"Todas as ações necessárias e recomendadas foram realizadas e intensificadas desde o ano passado", defende a Secretaria Municipal de Saúde. O Executivo diz também que contratou ligações automáticas para dicas de prevenção aos moradores, passou a distribuir materiais pedagógicos em escolas e fez nebulização de imóveis com apoio do estado. A administração frisou, ainda, que removeu ao menos 450 mil toneladas de entulho desde 2013 e citou ainda a lei que obriga a conservação de imóveis, além dos 7 mil imóveis vistoriados desde então.
Explicações
Para explicar os dois maiores surtos de dengue da história em Campinas, a Prefeitura argumentou, em nota, que houve uma progressão em todo o Brasil. "É importante ressaltar os cenários nacional - o país registrou um aumento de 155,5% nos casos de dengue até o início de maio, comparado ao mesmo período do ano passado - e estadual - com muitos municípios paulistas, inclusive na região de Campinas, com número elevado de casos."
A escassez de água também foi apontada como um dos motivos para alta de casos. Segundo a administração, a situação levou os moradores a estocarem o recurso em reservatórios sem proteção, que passaram a servir de criadouro do mosquito. "Pelo menos 80% dos criadouros do mosquito estão dentro das casas das pessoas", alega o Executivo.

A Prefeitura garantiu ainda que irá elevar o número de funcionários que atuam no combate e prevenção da doença, ao frisar que o prefeito Jonas Donizette autorizou contratação de 255 agentes comunitários de saúde e também serão chamados mais 20 agentes de controle ambiental e de apoio ao controle ambiental. "O número de funcionários das duas empresas contratadas para atuar junto às equipes da Saúde no controle da dengue será ampliado de 60 para 200", diz texto. O prazo para finalizar as contratações, todavia, é incerto.
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Exército ajuda no combate à dengue em Campinas (Foto: Carlos Bassan / PMC)Exército também colabora em trabalhos de combate à dengue em Campinas (Foto: Carlos Bassan / PMC)

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